RESERVAS INDÍGENAS OU UMA JOGADA INTERNACIONAL?

– É lastimável que os alertas sobre os interesses estrangeiros nas riquíssimas terras do Estado de Roraima não estão tendo a divulgação necessária nas poderosas mídias do Brasil para que ocorra um debate intenso sobre o destino da Amazônia e do povo miscigenada por séculos de convivência entre os indígenas e que agora estão sendo excluídos. Tal fato está gerando problemas sociais gravíssimos não em Roraima, mas em outros Estados do Norte.

– Convém deixar frisado que em torno de setenta por cento do território de Roraima está comprometido com reservas indígenas. Mais interessante ainda é ver que a vida dos autóctones não melhorou em muitos aspectos, principalmente em termos de saúde e educação.

Por uma questão de lógica, fica claro que somente com muita educação, conhecimento, sabedoria e cidadania é que os indígenas poderão preservar os seus costumes, o domínio milenar de plantas medicinais e a própria religião, além de se defenderem daqueles (nacionais e estrangeiros), que na realidade, estão interessados na espoliação das riquezas naturais da região, principalmente os minerais utilizados em tecnologias modernas.

– Tem surgido denúncias graves sobre o trabalho realizado por missionários, padres da Igreja Católica Apostólica Romana e ONGS, os quais possuem transito livre na região. Tudo isto deveria de ser investigado com profundidade, e de maneira totalmente imparcial, pois pelo material coletado é obvio que existem interesses velados prejudiciais, principalmente às comunidades pobres, sejam índios, negros, pardos ou brancos. O pior será para as pessoas de cor parda.

Algumas poucas autoridades políticas, com um senso de cidadania e patriotismo, vêem o descalabro que ocorre na região. Abaixo faço uma transcrição da declaração do Senador Mozarildo publicado na Folha de Boa Vista, Estado de Roraima em 22/10/2007:

SENADOR DIZ QUE RAPOSA SERRA DO SOL É UMA JOGADA INTERNACIONAL

Senador diz que Raposa Serra do Sol é uma jogada internacional. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) declarou no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020, que a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol é uma jogada internacional de organizações que usam a falsa idéia de defesa dos índios para tirar benefícios próprios. “Tem uma turma de índios que se locupleta com dinheiro público. O CIR [Conselho Indígena de Roraima] mesmo recebeu recursos para saúde indígena e não presta contas do que faz com o dinheiro”, afirmou.

Mozarildo também disse que a Igreja Católica está a serviço dos poderosos. “É uma missa encomendada, um falso discurso de defesa de indígenas. até o cacoete de chamar as terras que são da União de nação indígena, nação yanomami, nação macuxi. Sou católico, mas há a história da Igreja estar a serviço dos poderosos. Ela é que é a intrusa na Raposa Serra do Sol. Há uma senhora, dona Severina, que morava na Vila Socó, com uma boa estrutura, e que foi assentada no PA Nova Amazônia. Hoje ela mora num barraco de lona coberto de palha. Por ter denunciado essa situação ela teve o barraco queimado”, contou.

Para o senadorum total descaso do Governo Federal com a situação dos moradores não-índios da reserva, que vivem há várias gerações na região. “Onde estão localizadas as reservas? Em faixas de fronteira? Lembro do, hoje, ministro da Defesa, Nelson Jobim, visitar a Raposa Serra do Sol, quando era ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso. Como ele mesmo gosta de dizer, andou a cavalo por toda a área, conversou com várias pessoas e colocou no relatório que a área deveria ser demarcada de forma contínua, mas não excludente. Agora, ele vem falar que existem ‘vazios’ na Amazônia. O ministro descobriu o óbvio. Existem vazios porque estão expulsando os moradores dessas áreas”, argumentou.

O senador afirma que as reservas foram demarcadas sem que houvesse um estudo aprofundado da área e das condições dos habitantes. “Fui taxado. Inclusive, de genocida por defender a faixa de fronteira, de pelo menos 15 km. O próprio relator de uma comissão da qual fiz parte, o senador Delcídio Amaral, do PT, deu parecer contrário à demarcação da reserva porque isso prejudicaria Roraima. O presidente Lula não acatou o relatório porque tem origem na ideologia do PT, um socialismo totalmente equivocado e ultrapassado, dos tempos da Cortina de Ferro da Rússia. Geopoliticamente, o Brasil não é tratado de forma a pensar nos estados mais pobres”, declara.

Para Mozarildo Cavalcanti a política vigente é a do esvaziamento. “Nãonenhum culto ao nacionalismo, ao patriotismo. O que presenciamos durante as diligências para a construção do relatório sobre a situação das famílias é parecido com o que houve na Alemanha Nazista. A Funai diz que indenizou 190 famílias e que assentou 160 no PA Nova Amazônia. Mas indenizou mal e porcamente. O Incra está sem comando, sem controle, e aquilo está terrível”, afirma.

O senador informou que está aprofundando os documentos do relatório sobre o processo de retirada de não-índios da Raposa Serra do Sol para enviá-lo ao Senado, à Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa de Roraima, Presidência da República, ministérios e órgãos do Poder Executivo, Supremo Tribunal Federal (STF) e demais Tribunais Superiores, Ministério Público Federal, Governo de Roraima, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e ao Conselho Nacional de Segurança”.

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DIVIDIR PARA ENFRAQUECER. QUAL A SAÍDA?

“A liberdade de expressão constitui-se em direito fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, a exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.” (HC 83.125, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16-9-03, DJ de 7-11-03)

– No “brazil” (depois de Renan Calheiros tudo com letras minúsculas e com “z” mesmo) existem dezenas de áreas homologadas destinadas aos autóctones. Algumas estão envolvidas em muitos mistérios ocultos da opinião pública. Nestas áreas homologadas duas chamam a atenção: as terras (Nação?) Ianomâmi e a recém criada reserva Serra Raposa do Sol. Ambas encravadas no Estado de Roraima.
– A área Ianomâmi é uma região territorial equivalente ao Estado de Santa Catarina, ou a superfície de vários países europeus, na qual pairam denúncias graves. Essas revelações não estão tendo a devida atenção da imprensa televisiva, escrita e rádio, além de não sensibilizar a maioria das autoridades governamentais.
– O próprio governo chama esta área, erroneamente, de NAÇÃO. Está admitindo que existe uma constituição, leis e governo? Uma nação dentro de outra nação? Para alguns antropólogos essa homologação não passa de um grande engodo. Algumas poucas mídias se referem ao caso como “A GRANDE FARSA IANOMÂMI”.
Provas cabais da farsa estão inseridos no livro “A grande farsa Ianomâmi” de autoria do Cel. Carlos Alberto Menna Barreto, publicado pela Biblioteca do Exército. Este é um livro digno de respeito e credibilidade. Menna Barreto estava com câncer e antes de morrer resolveu partir com a consciência limpa e com o dever cumprido escrevendo a verdade sobre essa grande farsa. É o testemunho de uma pessoa moribunda. O militar trabalhou durante anos a serviço do Exército em Roraima e depois como Secretário de Segurança. Conheceu todas as características da região. Pesquisas realizadas “in locopelo militar, juntamente com antropólogos e indianistas não fazem qualquer referência à tribo Ianomâmi entre as 18 relacionadas por ele. Espero que o livro não desapareça misteriosamente das prateleiras das livrarias, a exemplo de alguns outros. Após a leitura do livro tem-se a sensação que existe um manto negro acobertando dados sigilosos desde o período do governo Collor.
– Tive a oportunidade de conhecer algumas pessoas da região com setenta anos, ou mais, que conheceram a respectiva área desde os tempos de juventude. Em seus comentários sobre essas terras verifica-se de imediato que existem muitas contradições com a história oficial e principalmente com essa etnia. Na opinião deles esse grupo étnico nunca existiu. A realidade mais coerente para alguns estudiosos do assunto é que os ianomâmis sejam oriundos de outros pequenos grupos que foram unidos por interesses velados de ONGS e organizações religiosas ligados a certos países. Para muitos estudiosos do assunto o interesse real seria a cobiça internacional das terras e dos minerais estratégicos que seriam de extrema importância para certos países e principalmente para o G8[1].
Outro fato interessante é com relação ao lendário Marechal Rondon. O pesquisador e desbravador, com toda a experiência adquirida por inúmeras décadas entre os autóctones, nunca fez nenhuma referência a esse povo. Como que repentinamente, de maneira quase mágica, apareceram em torno, de pouco mais, de quatro mil autóctones ianomâmis? Serão eles realmente ianomâmis? A eles foram cedidos, pelas autoridades brasileiras, sem um estudo antropológico mais aprofundado, principalmente de brasileiros, o equivalente territorial a vários países europeus e em área de fronteira. Como explicar o afronto ao parágrafo 2º, inciso XI, do artigo 20 da Constituição brasileira?
Para que se tenha uma idéia da fabulosa riqueza dessa enorme extensão territorial nela encontra-se jazidas de tantalita, nióbio, urânio, ouro, diamantes etc. Também é na região amazônica brasileira que encontramos centenas de ONGS, sendo que a maioria é estrangeira. Seus integrantes circulam livremente por essas áreas, onde aos brasileiros é negado o direito constitucional de ir e vir. Até mesmo pesquisadores brasileiros têm dificuldades para entrar nessas reservas. O que querem esconder?
– Do explicitado no parágrafo anterior refaço uma pergunta feita por outros pesquisadores sobre o problema: Será que somos realmente independentes e temos condições de exercer a nossa soberania, não na Amazônia, mas em qualquer outra parte do território brasileiro?”. Caso haja alguma dúvida seria interessante dar uma boa lida no textoSomos todos Brasilino” publicado neste blog.
– Na opinião de alguns estudiosos é uma questão de tempo à criação de uma república independente Ianomâmi e talvez de outras dentro do Estado brasileiro. Se isto ocorrer será imediatamente reconhecida pelo G8 e pela própria ONU? Várias provas indicam que realmente estão articulando o surgimento de uma nova nação. O ex-governador Neudo Campos do Estado de Roraima, em 1996, por ocasião do III Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, que ocorreu na cidade de Rio de Janeiro, chegou a revelar e a provar a existência de um passaporte da “Nação Ianomâmi”. Quem está por trás de tudo isto? Quem confeccionou esse passaporte? Até quando o gigante adormecido em berço esplêndido continuará dormindo? Com ele acordado teremos mais cidadania, mais nacionalismo e impedirá o entreguismo oficial da nossa Nação?
Pelo que eu li, pelo que eu vi e pelos comentários que presenciei sobre o assunto, acredito que os estudiosos e especialistas estejam com a razão, quando propalam o surgimento de novos países e de vermos o mapa do “brazil” alterado em poucos anos. Somente o Estado de Roraima perdeu mais de sessenta por cento do seu riquíssimo território para a criação de reservas indígenas. Tal fato foi comentando há alguns anos pelo Ilmo. Sr. Gen. Luiz Gonzaga Lessa, especialista em assuntos estratégicos, quando assim se expressou: “Roraima não existe como Estado. Está inviabilizado, como unidade federativa de direito e de fato, porque somente em terras indígenas tem quase cinqüenta e oito por cento de seu território. O detalhe mais interessante é que na presente data os territórios cedidos ultrapassam estes cinqüenta e oito por cento. No site http://www.tiosam.com há o seguinte comentário: “O Estado de Roraima tem o 27º maior PIB do Brasil, sendo o menor, pois setenta por cento do território de Roraima foi demarcado como território indígena ou ficam localizados em área de preservação ambiental. Apesar disso teve, entre 1991 e 2000, o maior crescimento de todo o país”.
Tal processo de desintegração do Estado de Roraima e de toda a região amazônica para muitos cidadãos esclarecidos o assunto é grave. Acentuou-se com o governo “collorido” de Collor (hoje senador acima de qualquer suspeita), continuou com o entreguismo do sociólogo FHC e agora com o governo do PT e seus 40. Em algumas mídiasdenúncias comprovadas de que as atividades de algumas ONGS e missionários que atuam na área amazônica vão muito além da preocupação em proteger os autóctones ou de salvar as almas indígenas do terrível inferno pregado pelas religiões cristãs, pois há muitas coincidências que mostram outros interesses, principalmente nos minérios, água, flora e fauna. Preservar para o Brasil? Para o G8? Para grupos de transnacionais?
Recentemente, pressionado por governos estrangeiros, foi homologada pelo governo Lula e seus 40, mais uma reserva em área de fronteira com a Venezuela. A extensão de terras é maior que a de muitos países europeus. Esta área, mais uma vez, fica dentro do Estado de Roraima e é conhecida comoSerra Raposa do Sol”. Tal homologação está gerando conflitos sociais gravíssimos para o povo miscigenado, inclusive entre os índios com boa formação cultural e os dominados por ONGS duvidosas e falsos missionários religiosos. Felizmente na região existem também ONGS que fazem um trabalho baseado em princípios humanitários e educacionais, transformando os indígenas em cidadãos brasileiros com muita cidadania.
Grupos indígenas mais esclarecidos não queriam a homologação em linha reta e sim em círculos, pois seria melhor para o desenvolvimento das suas comunidades. Prevaleceu em linha reta. Também as pessoas não indias casadas com indígenas estão enfrentando dificuldades, pois os não índios estão sendo expulsos da área. A pressão parte principalmente de países estrangeiros e da própria ONU.
– Essa área está entre uma das mais ricas do planeta em reservas minerais nobres e estratégicos, como diamante, zinco, ouro, caulim, ametista, cobre, diatomito, barita, molibdênio, titânio, calcário, nióbio, urânio e tório. Logicamente para muitos políticos isto é apenas uma coincidência sem o mínimo de valor lógico e sem nexo casual.
– Roraima era auto-suficiente na produção de arroz e exportava para outros estados do Norte. Agora os produtores, que ocupavam terras legalizadas há décadas, estão sendo expulsos. Teremos que importar arroz do Rio Grande do Sul?
– Interessante é notar que á mídia, principalmente a televisiva, tão zeloso para com as denúncias de falcatruas dos maus políticos, não dá a devida atenção para o que está ocorrendo na Amazônia. A quem realmente estas mídias estão servindo? Quem são os seus proprietários? Quem pesquisar estas duas perguntas poderá ter surpresas desagradáveis.
– Na seqüência da pressão internacional temos frases capciosas vociferadas por autoridades e organizações estrangeiras na mídia que deixam transparecer os interesses ocultos nas áreas homologadas na Amazônia brasileira:
– “A Amazônia é um patrimônio da humanidade. O domínio dessa imensa área pelo Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador é meramente circunstancial”. (Conselho Mundial das Igrejas Cristãs, Genebra , 1992).
– “Ao contrário do que os brasileiros acham, a Amazônia não é deles, mas de todos nos”. (Al Gore – EUA).
– “O Brasil precisa ter uma soberania relativa sobre a Amazônia”. (Mitterand, 1998).
– “Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar seus débitos, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas” (Margareth Thatcher, 1983).
– “Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem a sua disposição os recursos naturais não-renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos”. (Henry Kissinger – Secretário de Estado dos EUA – 1994)
– “Lute pela Amazônia, queime um brasileiro!” (Frase escrita em um cartão telefônico da Inglaterra).
– É obvio que houve e continuará as pressões internacionais para a criação de novas áreas . O apoio de muitos veículos de comunicações não nacionais, essenciais na formação da opinião pública para o bem ou para o mal, é utilizado para estereotipar os brasileiros de maneira negativa e incentivar a criação de reservas. Acentua-se assim a grande probabilidade de se ver a criação de futuras nações miseráveis controladas pelos lideres da globalização capitalista.
Infelizmente os povos dessas novas nações continuarão sendo massacrados e explorados como sempre foram nestes últimos quinhentos anos para o deleite de alguns grupos que governam nações ditas civilizadas e desenvolvidas do primeiro mundo. É interessante ressaltar que elas procuram esconder o estado miserável dos seus próprios excluídos, mas se preocupam com os nossos indígenas. Quem quiser se aprofundar na eliminação sistemática dos índios dos EUA procure ler o livro de Dee Brown: ENTERREM MEU CORAÇÃO NA CURVA DO RIO.
– A única saída para os autóctones do território nacional é se manterem unidos com o próprio Estado brasileiro. Adquirirem conhecimentos educacionais nas universidades brasileiras para que possam, com sabedoria, proteger suas tradições, sua religião milenar e defenderem-se dos maus brasileiros, estrangeiros, muitos dos quais atuando nessas áreas protegidos por políticos corruptos, de caráter duvidoso, e empresários predadores da flora, fauna e dos próprios nativos. Defenderem-se dos veículos de comunicações (regionais ou não) que influenciam na maneira de pensar, vestir, comer e determinam quem deve de ser eleito na política.
Fora da educação e do Estado brasileiro as chances irão diminuir drasticamente, pois os invasores estrangeiros irão valorizar apenas a exploração das riquezas naturais que estará sob o controle deles e não dos autóctones. Exemplos não faltam, basta olhar o que fizeram na África nos últimos duzentos anos, a espoliação da América Central e da América do Sul pelos portugueses e espanhóis. Quem sabe se essas reservas indígenas poderiam ser transformadas em novos Estados brasileiros. Se obtiverem a independência é obvio que elas serão exploradas até a exaustão das suas riquezas naturais e depois serão abandonadas a sua própria sorte como ocorreu em outras partes do mundo.
Quando vejo os governantes cederem as pressões internacionais para a criação de mais reservas, fico me perguntando: Porquê não cedem terras para os descendentes daqueles que foram arrancados da África pelos europeus e deram o seu sangue para o enriquecimento dos portugueses no Brasil? E a reforma agrária? porquê não sai definitivamente? E o MST, porquê não invade as terras da igreja ou de fazendeiros estrangeiros? Temos estrangeiros comprando milhares de quilômetros no Amazonas e em todo o brazil, mas o povo pobre do interior, miscigenado com negros, índios e brancos durante séculos, não tem direito às terras ou são simplesmente expulsos das áreas homologadas para os autóctones, pois são considerados não índios. O destino desse povo excluído e discriminado pela cor é reforçar o cinturão de miserabilidade das cidades grandes do norte e entre elas a cidade de Manaus, na qual a criminalidade e a insegurança vêm aumentando assustadoramente. O que podemos esperar do futuro?
Por tudo isto, e por muito mais, que até provarem o contrário, a história dos Ianomâmis é uma verdadeira farsa deslavada juntamente com muitas outras com o aval de governos submissos e corrompidos.
Nunca deveremos de nos esquecer que o povo brasileiro, na sua maioria, é descendentes dos autóctones que se uniram aos negros, brancos e mais um punhado de outras etnias estrangeiras. Somo uma grande nação Indígena mestiça. Vamos permitir que façam conosco aquilo que fizeram com os nossos antepassados indígenas e com os valorosos negros? Temos que achar o caminho do meio, todos unidos contra a exploração e as artimanhas dos senhores da globalização e de políticos submissos e interesseiros, que se elegem graças à ignorância do povo despossuído de cidadania e nacionalismo. Não queremos que a nossa Nação seja apenas um mero fornecedor de matéria prima para os países ricos, dominadores e expoliadores. O BRASIL deveria de ser para todos e não para uma minoria.
– Temos que estar atentos, principalmente:
“- Dos maus POLITICOS, de ontem e de hoje, que com suas falcatruas, impediram e impedem, que o Brasil se torne uma nação de primeiro mundo e comungam com o estrangeiro para o entreguismo. São apenas traidores da sua própria pátria. – DOS BRASILEIROS, que desconhecem sua própria força, que tem medo de declarar o seu patriotismo, pois não respeitam o próprio país em que vivem. Das tentativas de internacionalização da Amazônia, que afirmam que a soberania Brasileira, sobre AMAZONIA é relativa, e que o Brasil, deve permitir que estas nações tenham o domínio e controle sobre a mesma.”
– http://www.brasil2gm.hpg.ig.com.br/
– Pensem nisto, pesquisem, fundamentem e depois formem a sua verdade enquanto aindatempo.
[1] G8 é um grupo internacional de sete países mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo, mais a Rússia. Todos os países se dizem nações democráticas: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá (antigo G7) e agora a inclusão da Rússia que possui um grande arsenal nuclear enferrujado intimidativo.
-Algumas fontes:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/carta.htm (Interessante! Uma carta de um acadêmico e respondida por Olavo Carvalho).

http://www.ternuma.com.br/piocor.htm

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FLORES DE LÓTUS E A PODRIDÃO DA MAIORIA

Quando vejo a situação do País em que vivo, fico preocupado com as gerações tipo “Big Brother” ou “Coca-Cola da boa” que estão crescendo em meio a uma sociedade de valores decadentes; fico preocupado com os meus filhos e sobrinhos que irão conviver com este estado que não é mais futurístico; fico preocupado com a mentalidade predadora, consumista globalizada e concentradora de rendas.

– A maneira que encontrei para debater certas verdades é alertando alunos, acadêmicos e escrevendo neste humilde blog, alguns pontos de vista que, diga-se de passagem, podem ser modificados, pois nada é para sempre. Quem sabe este estilo de vida que eu critico é o verdadeiro e que se dane o restante. É fundamentar científicamente e talvez eu possa aceitar e entrar na dança da modernidade, onde família, ética e moral são apenas detalhes cada vez mais insignificantes.

– Esta semana duas informações importantes me chamaram a atenção na mídia: um projeto para extinguir o exame de ordem da OAB e a absolvição do senador Renan Calheiros pelo desgastado Senado Federal desde os tempos do Marechal Floriano. Informações estas que, de uma certa maneira, tem a ver com o primeiro parágrafo.

– De acordo com o excelente jornal, a Folha de Boa Vista do Estado de Roraima, uma proposta do senador Gilvani Borges (PMDB-AP) tramita no Senado Federal propondo a extinção da prova de ordem da OAB.

– O digníssimo senador deve de estar horrorizado com a aprovação de poucos bacharéis (em torno de trinta por cento apenas) e, por uma questão de lógica, nada melhor que tentar extinguir o exame de ordem. Para que se preocupar com a qualidade de ensino que os bacharéis receberam, principalmente de IES privadas de caráter duvidoso. Para que se preocupar com á ética, moralidade e conhecimentos profissionais deficitários. Para que se preocupar com valores e princípios universitários voltados para a eqüidade, para o bem comum, para o desenvolvimento sustentável, para a aceitação e apreço a diversidade, para que se preocupar com a sociabilidade e solidariedade, para que se preocupar com a democracia e participação.

Porquê será que esta iniciativa de extinguir o exame de ordem da OAB não partiu de senadores como Pedro Simon (RS), Jéfferson Péres (AM), Eduardo Suplicy (SP) e porquê que o ex-candidato “de uma nota ”, Cristovam Buarque, não teve essa idéia salvacionista do senador Gilvani que, na sua concepção, irá trazer benefícios aos que são desmascarados nas provas da OAB, deixando transparecer o péssimo ensino ministrado por um grande número de IES privadas?

Por outro lado, o que se pode esperar de um Senado que, através de votos secretos, inocentou o presidente da casa, o senador Renan Calheiros, mergulhado em atos, no mínimo imorais, divulgados pela imprensa. O que se pode esperar de tudo isto quando o próprio governo Lula tem interesse na inocência desse senador. O que se pode esperar quando muitos dos que apoiaram o senador Renan estão envolvidos com diversos atos ilícitos pérfidos. Se o voto fosse aberto, com certeza o resultado seria outro, pois muitos não teriam a coragem de publicamente serem permissivos com a imoralidade, com o crime, com a corrupção que corrói o nosso Brasil. É simplesmente patético vermos a tudo isto e não se poder fazer nada para romper o ciclo dos criminosos que são eleitos por votos de um povo que necessita de conhecimentos educacionais e de muita cidadania.

Parcela expressiva desses políticos se mantém no poder graças a votos de pessoas analfabetas, pessoas de parcos conhecimentos educacionais e sem um senso crítico aguçado de integridade, liberdade, dignidade e cidadania. Pessoas controladas por mídias locais que manipulam a consciência dos eleitores ignaros e os induzem ao erro ou simplesmente compram o voto com alguns reles trocados.

– A única saída para esses males, seria ministrar remédios amargos, ter uma justiça imparcial rápida e não parcial lenta, pois quem tem dinheiro neste País mergulhado em corrupção a mais de quinhentos anos, consegue fazer manobras que até Deus dúvida.

– A outra saída seria uma verdadeira revolução no Ensino Médio e nas Instituições de Ensino Superior, preparando os cidadãos com uma visão crítica, mais cidadania e conhecimentos centrados na transdisciplinaridade. Uma democracia com um povo bem instruído, com princípios éticos e morais traria benefícios a todos, menos aos criminosos de colarinho branco é obvio.

Quem terá a coragem de começar as mudanças e ministrar os remédios amargos, para que a uma verdadeira democracia seja instalada. Com certeza pessoas como Renan Calheiros, teriam dificuldades de se manter no poder e não teríamos propostas esdrúxulas como a do senador Gilvani que é inviável para o momento em que estamos vivendo, paraíso das IES privadas de educação duvidosa e esfacelamento das públicas.

– Vamos aguardar as mudanças que com certeza virão e espero que não seja a ampliação do lodaçal fétido criado por alguns grupos de direito ou de esquerda onde nem mesmo a flor de lótus[1] irá conseguir desenvolver-se.

– Vejam o caso do Senado. É um pântano fétido, mas ainda existem algumas flores de lótus que não se contaminaram. Até quando elas irão resistir?

Quem viver ou sobreviver terá as respostas em poucos anos!

– E enquanto as respostas não chegam que tal empreender na tua comunidade o pensamento abaixo:

“Cultive a VIRTUDE em seu íntimo e a VIRTUDE será real. Cultive a VIRTUDE na família e a VIRTUDE florescerá. Cultive a VIRTUDE na vila, e a VIRTUDE se espalhará. Cultive a VIRTUDE na nação e a VIRTUDE será abundante. Cultive a VIRTUDE no mundo e a VIRTUDE triunfará em todo lugar”. – Lao Tzu –


[1] A flor de lótus é a única planta que frutifica e floresce simultaneamente. Nasce no meio de pântanos fétidos, em meio à lama e a sujeira. Apesar de tudo se mantém pura. Ela simboliza a perseverança diante do impuro.

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MEXER EM PARADIGMAS É PERIGOSO?

– O lançamento do livro “A cabeça do brasileiro”(1) do pesquisador Alberto Almeida com certeza não irá agradar a alguns, principalmente políticos e outros grupos de direita ou de esquerda que sobrevivem da falta de conhecimentos das massas ignaras. Não faltará todo o tipo de argumentos maquiavélicos para desqualificar a pesquisa por parte da trupe elitista que se mantém no poder, incluindo algumas ONGS que mascaram muitas realidades sociais do Brasil. Afinal de contas eles têm que manter o mito das massas pobres, ingênuas e éticas, de preferência jogando as mesmas contra a classe média, como se fosse a culpada por todos os males deste País. Exemplos não faltam, pois até o Ilmo. Sr. Presidente Lula, da modorrenta República brasileira, em certos momentos de desgaste governamental, como já demonstrado na mídia, não hesita, maquiavelicamente, em jogar os pobres contra a classe média.

– O livro, infelizmente, será lido por uma minoria de brasileiros e a grande maioria nem tomará conhecimento, a exemplo do presidente da República que é avesso à leitura. O livro estará provando que a única saída para a República Federativa do Brasil é a EDUCAÇÃO, com todas as letras maiúsculas. Alias, neste blog, há algumas matérias sobre o assunto EDUCAÇÃO. Se você fizer parte da minoria que gosta de ler dê uma olhada e depois tire as suas conclusões e faça as suas críticas.

– A falta de senso ético e de outros pontos de vista apontados no livro por parte do brasileiro com pouco instrução tem um nexo causal centrado em atitudes educacionais de governos anteriores que, estrategicamente, retiraram do currículo do Ensino Médio disciplinas que ajudariam o brasileiro a compreender melhor o seu país. Estamos nos referindo as disciplinas de “Organização Social e Política do Brasil – (OSPB)” e “Educação Moral e Cívica – (EMC)”. Nas IES retiraram a disciplina de “Estudos dos Problemas Brasileiros”. Revanche pela ditadura? As coisas que deram certo no período ditatorial deveriam de ser mantidas e aprimoradas para o bem da democracia social, pois com certeza o Brasil seria um pouco melhor em termos de educação. Até prova em contrário, os que combateram a ditadura são os principais culpados pelo fracasso do ensino brasileiro e de até termos pessoas que mal sabem ler e escrever cursando alguma faculdade privada de qualidade altamente duvidosa.

– O livro do pesquisador Alberto Almeida poderá ser um marco que jogará mais luz em paradigmas anacrônicos e quem sabe despertar, em poucos, um caminho revolucionário para mudanças estratégicas educacionais como a transdisciplinaridade. O problema principal é o povo ignaro que é dominado por mídias poderosas e grupos que preferem que as coisas continuem assim, bem no estilo Big Brother do filme “1984” ou do filme “Fahrenheit 451”. Quem viver ou sobreviver verá as mudanças nos próximos anos!

(1) ALMEIDA, Alberto. A Cabeça do Brasileiro. Editora Record, 1. ed – 2007.

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O RACISMO SOBREVIVE

– O racismo, em todas as suas formas, sempre foi e será uma das grandes causas de sofrimentos para os povos submetidos e humilhados pelas nações que se julgam enviadas por algum Deus para a limpeza étnica, como ocorreu no passado e ainda sobrevive de forma sutil em pleno século XXI.

– Ao longo da história humana, desde os tempos imemoráveis, pessoas impregnadas de sentimentos racistas e fundamentadas em teses com paradigmas falsos buscaram e ainda buscam todo o tipo de argumentos para justificar suas convicções de que uma determinada raça é superior a outra. Entre esses argumentos, os mais abundantes foram os de tipo “religioso” e os de tipo “científico”. Do primeiro tipo faz parte, por exemplo, a idéia absurda de que “apenas os brancos têm alma”, defendida inclusive por setores da igreja católica medieval e de outras religiões, que durante séculos ajudou a justificar “religiosamente” a escravidão de negros e perseguições a judeus. No segundo tipo se enquadram as teorias megalomaníacas da elite nazista e de outras organizações que agem de modo velado, segundo as quais todas as raças “impuras” deveriam de ser varridas da face da terra. Judeus, ciganos e outras minorias pagaram o preço dessas parvoíces na primeira metade do século XX, sem falar do genocídio dos autócnes ocorrido nas três Américas no decorrer dos últimos quinhentos anos, onde revelações documentais desse extermínio chegaram até nós graças às denúncias de Bartolomé de Las Casas e de outros pesquisadores em busca da verdade, pois a versão da história sempre foi contada pelos povos invasores que tentam mostram apenas aquilo que lhes interessa.

– Atualmente a própria ciência, através de um dos seus ramos mais avançados, a genética, está provando aquilo que as pessoas de bom senso já intuíam: existe uma identidade genética praticamente total entre todos os tipos humanos. Ou seja, brancos, negros e amarelos guardam entre si um altíssimo grau de parentesco. As diferenças formais observadas nas diversas etnias – cor da pele, formato da cabeça, dos olhos, etc. – são determinadas apenas pela adaptação ao meio ambiente no qual cada etnia se desenvolveu no decorrer dos milênios.

– Infelizmente, o século XXI fez a sua estréia sob o estigma da divisão entre o “bem”, simbolizado por povos ocidentais (preferencialmente americanos dos EUA e europeus) e o “mal”, estereotipados em alguns povos pelos dominadores, além da criação de novos “muros de Berlim”, como o que esta sendo construído na fronteira do México com os EUA, ou o de Israel, separando os territórios palestinos. Alguém já até comentou a construção de muros isolando as favelas do Rio de Janeiro. Tudo isto servirá apenas para aumentar a segregação social e racial, além de estimular ainda mais o racismo.

– Parte de um povo que foi perseguido por teorias racistas abomináveis, hoje vai aplicando violências, com crueldade e humilhações semelhantes pelo que passaram os seus ancestrais. Ainda bem que em Israel nem todos concordam com o progressivo massacre do povo palestino.

– Em 1994 nos Estados Unidos foi publicado um livro pelos psicólogos Charles Muray e Richard Herrnstein que demonstrava que o QI dos negros era inferior ao dos brancos. O objetivo do livro era praticamente político: abolir os programas sociais, colocados em prática há 30 anos pelo governo norte-americano, em favor dos mais pobres.

– Apesar das provas científicas alguns psicopatas religiosos e políticos as centenas, continuam firmes em suas teses racistas. Ainda bem que para os olhos da verdadeira Ciência e do próprio Cosmos um racista é apenas um sofredor cheio de ódio, impregnado por ideologias duvidosas e muitas vezes fundamentada até mesmo em algumas religiões, não passando de pessoas perigosamente ignorantes que se baseiam naquilo que alguns chamam de cientificismo dos sábios do quase nada e ignorantes do quase tudo. Sinceramente são pessoas dignas de compaixão.

– Por tudo isto, os cidadãos do mundo, de mentes equilibradas e bem informadas, deveriam de estar atentos, pois a omissão desses cidadãos, já está gerando novas formas de escravização, opressão, exclusão e limpeza étnica, como já se bem vê em várias republiquetas governadas por grupos de criminosos, algumas repúblicas modorrentas governadas por democracias viciadas e monarquias obtusas que não deveriam de estar inseridas no mundo globalizado em busca do equilíbrio planetário e mais cidadania. Esta é a sociedade mundial que queremos? Queremos um mundo idealizado por George Orwell em seu livro “1984”? As próximas gerações terão as respostas geradas pelas conseqüências dos que estão aqui e agora.

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SOMOS TODOS BRASILINOS?

-Quando terminamos o texto publicado abaixo e olhamos ao nosso redor, para o nosso consumismo exacerbado sem pudor e sem fronteiras dos materiais não renováveis de Gaia (a mãe terra), parece que a situação continua a mesma de quarenta anos atrás, só que bem mais dominado.
-Será que na Nova Ordem Mundial o Brasil continua sendo, como sempre foi, um mero fornecedor de matéria prima para os povos mais capazes(?) e inteligentes(?) do planeta? Continua sendo um mero consumidor de produtos “Made in Alienígena”, sempre em detrimento do nacional? Continua sendo uma colônia de banqueiros, como bem descreve Gustavo Barroso em sua obra?
-Quando vemos o nível ruim da educação ministrada no Brasil, nos três níveis, que poderia mudar os rumos da Nação e do povo ignaro para melhor, quando vemos a corrupção escancarada que enriquece cada vez mais os vendilhões da pátria, quando vemos a falta de criticidade por parte da maioria do povo dominando pelo quarto poder (a mídia e dentro dela a pior de todas: a televisão), quero acreditar que tudo continuará como dantes, nas terras de Abrantes.
-Leia, interprete, medite e pesquise para confirmar ou não tudo que está escrito na crônica de Paulo Guilherme, aqui exposta e se tiver coragem repasse a crônica para outras pessoas, desde que não seja um Brasilino dominado mentalmente , bem a gosto do Big Brother do Jorge Orwell em seu romance “1984″.

UM DIA NA VIDA DO B R A S I L I N O

Paulo Guilherme Martins

“Não existe imperialismo no Brasil” Carlos Lacerda na “Tribuna da Imprensa”

“Essa história de imperialismo não passa de invenção de falsos nacionalistas que pretendem impedir o progresso da nação.” O Estado de São Paulo


Não sei se você conhece o Brasilino!? Mas isso não importa…

Brasilino – é um homem qualquer, que mora num apartamento qualquer, numa cidade qualquer… Situemo-lo em Santos, por exemplo.

Brasilino, como todo o bom burguês, começa o dia acordando; sim, porque o operário, este, levanta-se ainda dormindo a fim de chegar a tempo ao serviço.

Brasilino acorda e aperta o botão da campainha à cabeceira da cama, campainha essa que soa na copa; porem soa, consumindo energia – energia que é da Light, e, assim, o Brasilino inicia o seu dia pagando dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO. Mas Brasilino não pensa nisso e começa o seu dia, feliz!

Abre-se a porta. É Marta, a criada, que entra com o café da manhã: café, leite, pão, manteiga, um pouco de geleia e o jornal – “O Estado de São Paulo”. – Brasilino, como todo o bom burguês, lê somente a boa imprensa – a chamada sadia.

Enquanto lê as notícias, toma a sua primeira refeição. Brasilino não sabe que o leite, que bebe, é originário de uma vaca que foi alimentada com farelo REFINAZIL, da “Refinações de Milho do Brazil” (Brasil com Z), que é americana, e que a farinha com a qual foi feito o pão é originária do “Moinho Santista”, que não é santista e sim inglês. Assim, para tomar o seu café da manhã, Brasilino tem que pagar dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO. Mas, Brasilino nem sabe disso… e toma o seu café, bem feliz!

Terminado o café, Brasilino acende o seu primeiro cigarro: Minister, ou Hollywood, um desses da “Cia. Souza Cruz”, que não é do Sr. Souza e muito menos do Sr. Cruz, mas, sim, da “British, American Tobacco Co.”, o “trust” anglo-americano do fumo. E assim, para fumar seu cigarrinho, Brasilino paga dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO. Mas Brasilino nem pensa nisso e saboreia seu cigarrinho, feliz… feliz…

Em seguida, Brasilino vai ao quarto de banho, fazer a sua toilette: acende o aquecedor de gás – gás que é da City e, portanto, do grupo Light, e, enquanto a água aquece, toma da escova de dentes, marca “TEK”, da “Johnson & Johnson do Brasil” (que é americana), e da pasta dentifrícia “KOLYNOS”, com clorofila, da “Whitehall Laboratories of New York” e, assim, para escovar os dentes, Brasilino paga dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIROS…

Mas Brasilino nem pensa nisso…

Brasilino não sabe bem o que é clorofila e está certo de que, quando entrou na farmácia e escolheu essa pasta, o fez livremente; ignora que sua vontade foi condicionada pelas custosas campanhas de promoção de vendas, feitas através da imprensa, do rádio e da televisão e que, da mesma forma como ele escolhe sua pasta de dentes, escolhe, também, o seu candidato à Presidência da República.

Em seguida, Brasilino vai fazer a barba: toma do pincel, feito com fios de Nylon, da “Rhodia” – que é francesa – enche-o com creme de barbear “Williams”, que é americano. Ensaboado o rosto, Brasilino toma seu aparelho “Gillette”, munido com lâminas “Gillette”, ambos da “Gillette Safety Razor do Brazil”, e, feliz, vai raspando a face, pois nem pensa que, para fazer sua barba, tem que pagar dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO…

Terminada a barba, Brasilino entra no banheiro, envolvendo o corpo com a espuma acariciadora de um desses sabonetes, “Lever” ou “Palmolive”, um desses cuja espuma acaricia o corpo de 9, entre 10 estrelas de Hollywood. E assim, até para tomar seu banho, Brasilino tem que pagar dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO.

Após o banho, Brasilino enxuga-se com uma toalha felpuda da “Fiação da Lapa”, que também não é da Lapa porque é Suíça e, a seguir, passa pelo corpo talco “Johnson”, da “Johnson & Johnson do Brasil”.

E… começa a vestir-se.

Acontece, então, uma tragédia! Cai um botão da camisa do Brasilino. Ele toca novamente a campainha, e Marta corre a socorrer o nosso herói, munindo-se de agulha e linha. Dentro de poucos instantes, ao ver Marta cortar a linha com os dentes, depois de preso o botão, Brasilino sente-se novamente feliz. Feliz porque ele não sabe que Marta, a criada, para pregar o botão, usou a linha marca “Corrente” da “Cia. Brasileira de Linhas para Coser”, que é inglesa e que, até para pregar um botão, Brasilino tem de pagar dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO.

Já vestido, Brasilino despede-se de Marta, avisando que não virá almoçar nem jantar, pois irá a São Paulo, a negócios… – Sai, bate a porta, toma o elevador, que é “Schindler”, da “Schindler do Brasil”, que é suíça, e movido por força fornecida pela Light, e chega ao pavimento térreo. Dá bom dia ao zelador e toma o seu automóvel “Volkswagen”, fabricado pela “Volkswagen do Brasil”, que é alemã, rodando sobre pneus “Firestone”, da “Firestone do Brasil” que é americana, acionado por gasolina refinada pela “Petrobrás”, mas distribuída pela “Esso Standard do Brasil”, que é americana. Até para usar a gasolina, refinada pela Petrobrás, Brasilino paga dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO! Ele não sabe que os brasileiros têm capacidade para refinar o petróleo e produzir a gasolina, mas não a têm para a “difícil” tarefa de distribuí-la e que, para esse serviço – a simples distribuição – as companhias distribuidoras (Esso–Shell– Gulf–Texaco, etc.) ganham muito mais que a Petrobrás. Mas Brasilino ignora tudo isso… e Brasilino é feliz!

Pouco depois, Brasilino encontra-se na Via Anchieta, dirigindo-se a São Paulo. Ao passar por Cubatão e ao ver a Refinaria Presidente Bernardes, põe-se a pensar: “Porcaria essa Petrobrás! agora que a gasolina é nacional, custa cinco vezes mais.” – Sim, porque Brasilino não reflete que a gasolina custa, agora, muito mais, por um motivo muito simples: ao tempo em que a gasolina era importada, o dólar custava Cr$ 18,72 e, atualmente, para a importação de óleo bruto, custa Cr$ 200,00. – Não sabe, também, que o dólar está caro porque é escasso, e é escasso devido à procura, e a procura é muito grande, porque os dólares obtidos com a exportação brasileira, mal dão para fazer face às remessas de royalties e dividendos do CAPITAL ESTRANGEIRO.

A irritação do nosso herói, contudo, logo desaparece, pois a algumas centenas de metros à frente, Brasilino vê surgirem os dutos da Light e uma grande tabuleta com os seguintes dizeres: LIGHT AND POWER, a maior usina hidrelétrica da América do Sul – 1.200.000 KW. – Aí, Brasilino exulta e monologa com entusiasmo – “Isto sim! A Light! A Light! A Light que fez a grandeza de São Paulo.” Sim, porque Brasilino confunde Light com Energia. Ele não sabe que o que fez a grandeza de São Paulo não foi a Cia. Light e sim a Energia e que, se a Energia não pertencesse à Light, São Paulo seria dez vezes maior, ou o Brasil dez vezes menos miserável.

O interessante é que Brasilino nunca perguntou, a si mesmo, que seria da Inglaterra se não existissem as Lights pelo mundo.

Brasilino prossegue a viagem e, logo mais, atinge o altiplano, onde vê descortinar-se o panorama grandioso do progresso industrial, que ele julga ser do Brasil: “Volkswagen do Brasil” – “Mercedes Benz do Brasil” – “Willys Overland do Brasil” – “General Motors do Brasil” – “Rolls Royce do Brasil” – “Cia. Brasileira de Peças de Automóveis” – “Simca do Brasil” – “Plásticos do Brasil” e inúmeras outras “do Brasil” e “brasileiras”, mas todas elas ESTRANGEIRAS.

Brasilino, afinal, chega a São Paulo. Estaciona o seu carro em uma das ruas do centro e, a pé, alcança a Rua Líbero Badaró, para concluir um negócio. Brasilino recorda-se de que Líbero Badaró foi um homem que, ao ser assassinado, exclamou: “Morre um liberal, mas não morre a Liberdade!” E Brasilino conclui: “Que sujeito burro! Que interessa a Liberdade para um homem que já morreu!?”

Enquanto assim pensa, Brasilino chega aos escritórios da “Crescinco, Cia. de Investimentos”, pertencente ao Sr. Rockefeller. Brasilino sente-se orgulhoso de emprestar o seu dinheiro a um dos homens mais ricos do mundo, mas que, para financiar as suas indústrias, prefere usar o dinheiro dos próprios brasileiros, atraindo-os com a vantagem de juros de 2% ao mês e livre de imposto de renda. Brasilino não sabe que, entre o dia em que ele entregou o dinheiro e o dia em que esse mesmo dinheiro lhe foi devolvido, a desvalorização da moeda foi de 4% ao mês e assim , ele está menos rico, pois esse juro e mais os lucros da Cia. Investidora terão, forçosamente, de ser acrescentados ao custo das utilidades, saindo, consequentemente, da própria pele do Brasilino. Mas Brasilino não sabe disso e recebe o seu dinheiro e os juros, feliz!

Liquidado o negócio, Brasilino vai almoçar. – Entra num restaurante onde lhe é servido, como antepasto: frios da “Armour do Brasil”, que é americana, Margarina “Clay-Bon”, de “Anderson Clayton” que é americana, toma uma “Coca-Cola” e saboreia um prato de massa, preparado com farinha do “Moinho Paulista”, que é inglês, e, depois, come um filé com fritas, cuja carne foi fornecida pelo “Frigorífico Wilson” e as batatas foram fritas com óleo “Mazola”, da “Refinações de Milho Brazil” (Brazil com Z). Como sobremesa, comeu um pudim feito com “Maizena Duryea” também da “Refinações de Milho Brazil” e, assim, até para comer, Brasilino tem que pagar dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO. Após o almoço, Brasilino passeia pela cidade, a fim de fazer hora para o cinema, gastando a sola do sapato com saltos de borracha “Good Year”, pagando, até para andar, dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO.

Brasilino entra no Cine Metro, onde passa a tarde, deliciando-se com um filme, que é americano e, para passar algumas horas distraídas, Brasilino paga dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO.

Ao sair do Cinema, Brasilino sente uma leve indisposição; entra numa farmácia e toma um “Alka-Seltzer”. E, assim, até para prevenir uma indigestão, Brasilino precisa pagar dividendos ao CAPITAL ESTRANGEIRO.

Toma novamente o seu carro e volta para Santos. Chegando à casa, faz novamente a sua toilette, liga o rádio de cabeceira, marca “G.E.” da “General Electric do Brasil”, e deita-se sobre um colchão de espuma de borracha “Foamex” da “Firestone do Brasil” e repousa a cabeça, sobre um travesseiro do mesmo material, dormindo, feliz, o sono da inocência.

Não sei porque, mas a história do Brasilino traz sempre, à mente, aquelas magníficas palavras do Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os pobres de espírito porque será deles o reino dos céus.”

Mas uma coisa jamais será do Brasilino: O REINO EM SUA PRÓPRIA TERRA.

Por isso, leitor, se alguém lhe disser que não existe imperialismo econômico, no Brasil, é porque está ENGANADO, ou porque ESTÁ ENGANANDO VOCÊ.

Santos, outono de 1961.

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– Notas do autor: Edição comemorativa dos 41 anos do lançamento da 1ª edição desta crônica. Outono de 2002. Publicação em jornais, revistas, rádio, televisão, ou em fascículos para distribuição gratuita, autorizada pelo autor, desde que reproduzida na íntegra.

– OBS do site www.anovademocracia.com.br: O panfleto foi publicado três anos antes do golpe de 1º. de abril de 1964. Portanto, o autor se refere apenas ao imperialismo econômico, porque o Brasil ainda não havia se deparado com a consolidação do imperialismo (sob a hegemonia do USA) na superestrutura da sociedade brasileira, o que somente conseguiu ao apoderar-se do sistema de Estado e de governo, associado às classes contra-revolucionárias internas, as quais funcionam como um suporte social. Cabe observar também que, ao longo desses 43 anos, alguns produtos foram retirados do mercado e corporações se extinguiram ou passaram para as mãos de outros grupos financeiros poderosos – o que não significa que o seu patrimônio tenha se transferido para o controle nacional, na condição de empresa mista ou mesmo de capital privado brasileiro.
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O FILME “O SORRISO DE MONA LISA” E A EDUCADORA SUBVERSIVA

– Quais as lições que podemos tirar do filme?

– A história fica centrada em uma professora inovadora com idéias à frente de seu tempo que é contratada por uma renomada e tradicional escola de Ensino Médio, a qual preparava alunos para as Universidades americanas na década de 50. Num primeiro contato com a turma, composta apenas de mulheres de classe média alta, a Educadora Katherine ficou surpresa com a capacidade das alunas condicionadas às limitações da “decoreba” de uma apostila extremamente limitada. Além disso, as alunas demonstravam desconhecimento do que realmente seria a disciplina de História da Arte, com a qual a educadora teria que trabalhar.

– A Instituição educacional era de uma postura extremamente tradicionalista, assim como a maioria do corpo discente, de visão tacanha, passaram a ver a professora como uma questionadora e comunista. E, de fato, idéias que iam de encontro aos costumes da época (anos 50) germinavam em seu pensamento.

– Não sendo uma Educadora limitada, tentou ampliar os métodos educacionais. O método visual utilizado, slides, favoreciam os alunos. Pelo visto, foram também utilizados outros métodos educativos, como visitas a uma exposição de artes. Uma maneira de despertar o interesse do alunado pela disciplina, observando detalhes que não estavam expostos na apostila.

– Tendo provocado questionamentos e reflexões acerca das normas impostas, não somente em relação ao conteúdo programático, buscando informações que estavam fora da apostila, mas também, questionando os valores vigentes na sociedade da época, estimulando às alunas a conceberem a realidade de outra forma, a se aventurarem a fazer uma análise própria.

– Educadora por excelência, ela se preocupava com o futuro das suas alunas, procurando conhecê-las mais de perto. Ficava importunada com a limitação da evolução profissional das jovens alunas, pois o único desejo imposto pelos costumes da época era a de ser uma “doméstica prendada” (passadeiras, cozinheiras, “limpadeiras” de bumbuns dos filhos, consumidoras de utensílios domésticos e tudo isto sem questionar absolutamente nada – Uma rainha do lar escravizada pelo machismo da época, pelo marido e pelo capitalismo dos anos 50). Será que agora está um pouco melhor para as mulheres?

– Educadora de visão futurista rompe com o tradicionalismo, mostrando às alunas que é possível conciliar uma carreira profissional à vida doméstica. Tentava libertar a mulher da égide do casamento, onde seria apenas uma figura submissa. Estimulava a aptidão e o crescimento das suas alunas para liderança. Naturalmente, para os padrões arcaicos da escola, este tipo de intervenção e aplicações de métodos educativos diferentes não agradavam a direção escola.

– Uma outra problemática que podemos observar no filme é a importante postura do professor, em qualquer nível, de estar continuamente se auto-avaliando. A primordial atitude profissional de repensar perenemente sua prática pedagógica. Quantos professores conhecemos que, tendo alcançado certa titulação, param no tempo e no espaço? Pensam que já conhecem tudo e nada mais precisam conhecer. Ledo engano! A evolução da ciência é constante, a cada dia temos novas descobertas colocando em cheque velhos paradigmas educacionais. Àquele educador que decide parar, a partir daquele momento está desatualizado e pode trazer graves conseqüências para a formação dos seus alunos e para a sociedade.

– Todos aqueles que militam na área de educação deveriam de assistir esse excelente filme, cuja história é vivenciada pela atriz Julia Roberts no papel da educadora Katherine e fazer algumas reflexões sobre a capacidade da educadora de conseguir, nos momentos de crise, superar as adversidades surgidas em sala de aula e as impostas pela diretoria de pensamento arcaico do Wellesley College, da dedicação apaixonada pelo seu magnífico trabalho, bem como a iniciativa de utilizar os recursos e aplicação de estratégias úteis no desenvolvimento educacional dos seus alunos.

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UM POUCO DE RUBENS ALVES

– Rubens Alves é para mim um educador, escritor e um poeta por excelência. Utiliza as palavras com uma grande perfeição, deixando transmitir a essência da verdade de maneira singela, sem pressa, com muita tranqüilidade, em meio ao caos da sociedade de consumo globalizada, centrada apenas nas sensações materiais e no imediatismo.
– Neste torvelinho quase hierático pelas novas gerações muitos perguntam: Ainda dá para acreditar em Deus?

– Fizeram a Rubens Alves uma pergunta parecida. Vejam a resposta do grande sábio:

PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS…

Aconteceu ao final de um debate sobre educação promovido pela Folha. Chegada á hora das perguntas uma senhora me perguntou algo que nada tinha a ver com educação. Perguntou porque lhe doía: “O senhor acredita em Deus?” Houve tempo em que era mais fácil acreditar em Deus. Hoje até o Papa se atrapalha. Na sua visita ao campo de concentração de Treblinka perguntou o que não deveria ter perguntado: “Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?” Heresia porque a pergunta silenciosamente afirma que Deus não estava lá. Se estivesse não teria deixado aquele horror acontecer. Pois Deus não é amor e todo poderoso? Se estava lá e deixou acontecer ou ele não é amor ou não é todo poderoso. Por outro lado, se ele não estava lá ele não é onipresente…

Depois do atentado terrorista ao World Trade Center o “New York Times” publicou um artigo com essa mesma pergunta: Onde estava Deus? Se estava lá, por que deixou acontecer?

Dietrich Bonhoffer, pastor protestante que foi enforcado por haver participado de um frustrado atentado para assassinar Hitler -às vezes não há como fugir: ou matar um único, para que muitos não sejam mortos, ou, para preservar a pureza pessoal, não matar esse único e deixar que milhares sejam mortos; a inocência pode ser mais criminosa que o crime…, lutou com essa pergunta: “Onde está Deus?” Sua resposta foi simples: “Deus está aqui, mas ele é fraco…”
Se Deus existe e é forte, como perdoá-lo por permitir que aconteça o horror de sofrimento que não deveria acontecer? Mas se Deus é fraco ou não existe, então seria possível perdoá-lo e amá-lo. Aí choraríamos e diríamos: “Se Deus existisse e fosse forte isso não aconteceria…” A gente fica, então, com saudade do Deus que não existe. Mas eu não disse nada disso para aquela senhora. Apenas perguntei de volta, pedindo um esclarecimento: “Acreditar em qual Deus? Há tantos… Homens ferozes e vingativos têm um Deus feroz e vingativo que mantém, para sua própria alegria, uma câmara de torturas chamada Inferno para vingar-se dos seus desafetos. Há o Deus jardineiro que criou um Paraíso e mora nas árvores e nas correntes cristalinas. Há o Deus com alma de banqueiro que contabiliza débitos e créditos… Há o Deus da Cecília Meireles que se confunde com o mar… Há o Deus erótico que inspira poemas de amor carnal… Há o Deus que se vende por promessas e faz milagres… E há também o Deus criança de Alberto Caeiro e Mário Quintana. Qual deles?”

Ela ficou em silêncio, meio perdida. Então lhe respondi com os versos do Chico: “Saudade é o revés do parto. É arrumar o quarto para o filho que já morreu”.

E perguntei: “Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que chegará amanhã ou a que arruma o quarto para o filho que nunca chegará?”.

E acrescentei: “Sou um construtor de altares. Construo meus altares à beira de um abismo. Eu os construo com poesia e beleza. Os fogos que acendo sobre eles iluminam o meu rosto e aquecem o meu corpo. Mas o abismo continua escuro e silencioso…”

Aí, provocado pela pergunta daquela mulher desconhecida escrevi um livrinho cujo título é a pergunta que ela me fez: “Perguntaram-me se acredito em Deus”. Àquela mulher o meu muito obrigado…

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VAMOS LUTAR PELA CIDADANIA?

– Há poucos dias a ONG Transparência Internacional (TI) com sede em Berlim divulgou o seu relatório anual do Índice da Percepção da Corrupção (PCI em inglês) no mundo. Podemos dizer que é no mínimo interessante, onde aponta 102 países, dos quais 70% deles conseguiram obter a péssima nota inferior a 5,0, num total de 10 pontos (zero para o mais corrupto e dez para o menos corrupto)

– Obviamente, a nossa Nação mergulhada em corrupção a mais de quinhentos anos(1) não conseguiu obter a nota cinco e sim um magérrimo 4,0.

– Todas as mazelas sociais do Brasil sempre estiveram relacionadas com os políticos e as oligarquias que nos últimos anos já não conseguem mais esconder os seus atos criminosos com tanto zelo. O resultado todos nós assistimos diariamente de acordo com os interesses das mídias ou então sentimos os resultados na própria carne: O caos nos aeroportos, estradas sucateadas, a péssima educação nos três níveis, as centenas de mortes ocasionadas pela incompetência das autoridades etc.

– Vejam o caso dos dois últimos desastres da GOL e da TAM. Foram necessários em torno de 353 mortes em menos de um ano para que a trupe do governo Lula começasse a agir de maneira precária. Obviamente, tudo isto é o resultado da omissão não só do atual governo, mas de todos os governos anteriores, inclusive o governo do professor e sociólogo FHC que aderiu vergonhosamente ao neoliberalismo.

– A grande maioria da sociedade atual está sendo incapaz de reverter à situação engendrada por anos de corrupção e do domínio midiático pelas oligarquias. A sociedade está sendo cada vez mais caracterizada por um conjunto de pessoas amorfas e despossuída de personalidade, não tendo a mínima capacidade de cobrar, exigir e fiscalizar os poderes com seriedade e, sendo assim, a corrupção propaga-se como uma pandemia generalizada nunca vista na história deste País. Um exemplo vem das últimas eleições onde pessoas que respondem a dezenas de processos foram eleitas por eleitores nada críticos e despossuídos de senso de cidadania. Uma espécie de “vaquinhas de presépio”. Outro exemplo são as 4.600 prefeituras, dentro de um universo de 5.600, envolvidas com corrupção de acordo com os dados da Procuradoria Geral da União (PGU).

– Uma grave conseqüência gerada pela corrupção é a concentração de rendas, uma das mais perversas do mundo, a qual acaba gerando riquezas descomunais para poucos e migalhas para a maioria. Basta ver o caos na Saúde, nos aeroportos, nas estradas, no saneamento, salário mínimo, o enriquecimento meteórico de políticos etc.

– A reversão desta tragédia secular só seria possível com milhões de olhos vigiando a ação dos políticos, pois assim seria refreada a possibilidade da corrupção medrar. Se existe algo que eles temem é a sociedade organizada e com um alto senso crítico de cidadania. Para que isto aconteça temos que ter a necessidade urgente de recuperar o poder que pertence ao povo e não aos vendilhões da Pátria.

– Acredito que através de ONGS sérias e transparentes, de comunidades de bairros, de professores organizados, da comunidade científica, como a SBPC e de outros segmentos da sociedade, existe a possibilidade de frear não só a corrupção, mas de recuperar também o controle midiático(2) (denominado por alguns de o “quarto poder”) perdido para os grupos oligárquicos e políticos que detêm o poder, a riqueza e a tecnologia em detrimento do povo e da própria Carta Cidadã (CF/88).

– Esses grupos são poderosos e já tentam interferir até mesmo no controle da Internet sem a participação da sociedade, pois é lá que as oligarquias estão encontrando dificuldades de um controle maior sobre as verdades que são escamoteadas por outras mídias ou propaladas como “meias verdades”, seguindo os mais variados interesses dos impérios midiáticos.

– Convém frisar que é na Internet que as pessoas simples, jornalistas independentes, escritores e pesquisadores, que encontram dificuldades de expressão na mídia controlada, conseguem manifestar os seus pontos de vista relacionados com a política e para com as mazelas da sociedade, além de denunciar casos de corrupção e outras verdades deliberadamente ocultas por muitas mídias que não querem que a verdade apareça por motivos óbvios.

– Portanto desenvolva o teu senso crítico, procure ler boas obras, (é tudo que eles não querem), pois muitos autores fazem as suas denúncias em livros. Não aceite de imediato o pensamento imposto pela telinha de TV, pois ela dá a você a pergunta e ao mesmo tempo a resposta, além de te viciar em seus programas novelescos de nível duvidoso. Procure durante vários dias assistir diversos jornais televisivos e depois faça a comparação entre eles. Você terá surpresas que nunca viu. Não tenhas medo e vergonha de criticar, faça a tua denúncia pela Internet, na tua igreja, na tua associação. Alie-se a outras vozes para formar uma corrente, pois nem mesmo com a violência armada eles irão calar a todos. Tenha em mente que à vontade do povo deve de ser expressa modernamente através de plebiscito e referendum para que a Democracia seja preservada e não vire demagogia e anarquia nas mãos de criminosos. Não se esqueça que o plebiscito e o referendum são, indiscutivelmente, mecanismos jurídicos de grande valia para a Democrácia e para a preservação dos interesses do povo.

– Faça a tua parte para o bem dos teus filhos e de todos os que te cercam. SEJA UM CIDADÃO CRÍTICO E DIGA NÃO A CORRUPÇÃO E AS OLIGARQUIAS QUE TE DOMINAM E NÃO TE ESQUEÇAS QUE A DEMOCRACIA PODE SER DESTRUÍDA OU MANIPULADA PARA O INTERESSE DE POUCOS.

(1) Habib, Sérgio. Brasil Quinhentos anos de Corrupção – Enforque sócio-histórico-jurídico penal.Editora Fabris, Porto Alegre/RS, 1994.

(2) Guareschi, Pedrinho A.Mídia, educação e cidadania – Tudo o que você deve saber sobre a mídia.Editora Vozes, RJ, 2005.P. 101 e 102.

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CHEQUE MATE PARA AS VIRTUDES NOBRES DO SER HUMANO?

– Comentários sobre o esfacelamento das virtudes nobres do ser humano (bondade, humanidade, moral, ética, companheirismo, pureza nos pensamentos, prudência etc) estão sempre sendo uma constante de indignação neste blog. Exatamente por não possuir um senso comum como a maioria do povo, sempre acabo voltando para a questão da falta de valores que, como uma doença crônica, está instalada em toda a sociedade.

– Uma maçã podre sempre acaba contaminando as demais. É exatamente o que vem acontecendo com quase todos os setores da sociedade. O descaso pela vida humana, pela educação, pela honestidade, pela honra, pela amizade pura e sincera, pela ética constantemente conspurcada, pela falta de moral para com a verdade e para consigo próprio estão refletidas nos atos praticados diariamente por todo o Brasil. Estão perdendo o encanto mágico para a formação da decência humana e da família, na qual os pais já não conseguem mais transmitir os valores reais para os filhos.

– Eu mesmo já presencie pessoas sem decência e sem honra serem premiadas dentro de certas instituições que deveriam zelar com afinco pelas virtudes nobres. Presenciei outras por motivos fúteis serem crucificadas, muitas vezes sem chance para a sua própria defesa.

– Uma maçã podre deve de ser imediatamente retirada do lote e jogada fora, mas não é assim que acontece dentro da nossa sociedade e o resultado desse descalabro se faz ver nos noticiários diários envolvendo desde cidadãos comuns e até mesmo membros importantes dos três poderes da República. A contaminação se espalha entre o povo que paulatinamente está perdendo os valores tradicionais enaltecedores de uma sociedade humana equilibrada.

– Ontem mesmo assisti por uma mídia uma cena patética vinda do assessor especial do presidente Lula, um alto funcionário do governo, esboçando sinais pejorativos relacionados com o malfadado acidente aéreo da Tam. Quais os reais valores desse homem? Qual o tipo de educação ética e moral que teve? O que podemos esperar desse funcionário que está a serviço do povo brasileiro? E o que falar de centenas de outros servidores que se revestem apenas com pequena casca de verniz que ao ser rompida temos apenas a podridão nauseante do seu interior. E essa própria mídia, qual o real interesse, já que muitos dos seus programas novelescos deixam a desejar em termos de conduta ética e moral, além de possuir uma acentuada influência no pensamento do povo?

O Dr. Adib Jatene, laureado como um dos sete homens mais sábios do mundo no campo da cirurgia cardiovascular, fez comentários sobre a situação dantesca da formação incompleta de médicos, tecendo comentários sobre a crise de valores que a mundialização capitalista está trazendo para todos. Os seus comentários estão centrados na aérea da Medicina, mas tranqüilamente estão ligados às demais áreas do saber. Na realidade o Dr. Jatene apenas indicou uma pontinha do “iceberg”. A realidade é muito pior por se estender às diversas áreas de formação acadêmica.

– A reativação dos valores nobres dentro da sociedade amortecida é essencial. As maçãs podres devem de eliminadas definitivamente. Não será necessário uma “bola de cristal” para saber o que nos aguarda nos próximos anos com a falência da moral e da ética que atinge uma das principais fontes da existência do nosso País: A FAMÍLIA.

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